Desde que terminou o Campeonato Mundial de Judô, mês passado, no Rio de Janeiro, os bastidores do esporte andam agitados. O motivo: o que fazer com dois judocas de alto nível numa mesma categoria? O caso envolve o atual campeão mundial da categoria meio-médio, Thiago Camilo, também medalhista olímpico de prata, em Sydney'2000, e Flávio Canto, bronze em Atenas'2004. Canto sofreu uma luxação no cotovelo direito e, por isso, ficou fora da disputa por uma vaga no Mundial. Nos últimos dias, os rumores eram de que os planos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) passavam por mudá-lo de categoria, subindo-o para a médio. O judoca diz que não sabe de nada. Ele esteve em Belo Horizonte, para proferir uma palesta para alunos da Fumec, dentro de uma mostra promovida pela universidade, falando sobre seu projeto social, através da Ong Instituto Reação, que faz um trabalho em favelas do Rio. O judoca diz que esse é um assunto que desconhece. "Nem o treinador, o (Luiz) Shinohara, e nem o coordenador da CBJ, Ney Wilson, me disseram nada sobre esse assunto. Só tomei conhecimento através da imprensa e levei um susto. Posso garantir que não tem nada disso." Canto diz que não tem o menor interesse em subir de categoria. "Quero ficar onde estou. Passei a vida inteira disputando seletivas e não vai ser agora que vou temer mais uma. Além do mais, temos ótimos judocas na categoria de cima. Estou pronto para fazer o que fiz a vida inteira, ou seja, lutar com o Thiago por uma vaga na equipe que vai a Pequim". Flávio voltou a treinar há duas semanas. Está cuidando da parte física e só na semana que vem voltará a treinar as lutas. "Preciso pegar ritmo". A volta ao tatame já tem data marcada. Ele vai integrar a Seleção Brasileira que disputará o Mundial por Equipes, em Pequim, de 12 a 18 de novembro. "Só lá vou saber como estou realmente, mas vou procurar dar o meu máximo, como sempre." Trabalho social - Desde 2002 Flávio Canto vem desenvolvendo um trabalho em quatro favelas do Rio de Janeiro (Rocinha, Tubiacanga, Pequena Cruzada e Cidade de Deus) com o Instituto Reação. "São cerca de mil meninos nesses núcleos e nós fomos primeiros do ranking carioca de 2005, ficamos em segundo em 2006 e estamos liderando este ano". Mas o projeto esteve perto de naufragar durante a crise aérea. "A Infraero ficou sem repassar a verba durante seis meses. Tive de tirar do bolso. Além disso, consegui outro tipo de ajuda, de algumas pessoas e algumas empresas. O pior já passou. A mais nova ajuda vem da família de Flávio. "Minha família doou uma casa que temos no Rio Comprido para fazer a Casa do Judô, que será destinada à formação de atletas de alto nível, vindos desse projeto nas favelas. Já tenho duas judocas, Raquel e Rafaela Lopes, que são irmãs, que foram campeãs pan-americanas no juvenil, esse ano".
Ivan Drumond Estado de Minas |
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