12 de novembro de 2007

Judô luta Mundial que não é Mundial

Seleção brasileira embarca hoje para "competição promocional" na China
Cúpula da modalidade no Brasil revela desconhecer status de torneio de equipes que acontece domingo no ginásio da Olimpíada-2008
A seleção brasileira masculina de judô embarca hoje para a China, onde lutará no domingo um torneio anunciado como "Campeonato Mundial de Equipes" que não é o verdadeiro Mundial. E nem os principais dirigentes brasileiros sabem qual o real status da competição, marcada para o ginásio onde acontecerá a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim.
O primeiro dirigente consultado foi Ney Wilson, coordenador técnico internacional da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Indagado se o evento chinês -anunciado como "World Team Championships"- é o mesmo Mundial de Equipes disputado em Paris no ano passado, ele respondeu: "Sinceramente, essa é uma dúvida que também temos".
Já Paulo Wanderley Teixeira, presidente da entidade, não titubeou: "Não tem a quantidade de países de outras edições, mas é um torneio com os campeões continentais. É Campeonato Mundial mesmo".
Segundo o diretor de esporte da FIJ (Federação Internacional de Judô), não é assim.
"Essa competição é um campeonato por equipes promocional, organizada a nível mundial, e não tem o mesmo status do Campeonato Mundial da FIJ por Equipes de Nações", explicou o francês François Besson, em e-mail à Folha
O dirigente da FIJ pontuou as principais diferenças: o último evento acontece em intervalos de quatro anos e tem mais equipes que as participantes do torneio na China.
Em Pequim, lutarão oito seleções. No Mundial de Equipes de Paris, vencido pela Geórgia no ano passado, a chave masculina tinha 17 times.

"É um campeonato promocional sem status de Mundial" (F.Besson-Diretor da FIJ)

Outro fator que pesa contra alçar o evento chinês à condição de Mundial é o fato de ele não ter sido mencionado no congresso da FIJ, realizado no Rio de Janeiro em setembro, antes do Mundial individual.
No encontro, foi batido o martelo para as sedes dos Campeonatos Mundiais até 2011 -em 2009 será em Roterdã (Holanda), em 2010, (por equipes) no Japão e, em 2011, na capital francesa.
Mesmo desconhecendo a condição de competição promocional da disputa em Pequim, os brasileiros não têm grande pretensão em relação ao desempenho.
"O grande objetivo é conhecer o local da Olimpíada, vivenciar o clima dos Jogos. Não há grandes metas em termos de resultados", diz Wilson.
Nessa filosofia, foram chamados alguns judocas que não participaram nem dos Jogos Pan-Americanos nem do Mundial. É o caso do ligeiro Charles Chibana, 18, que atende à sua primeira convocação para a seleção adulta. "Não esperava e estou muito feliz com essa oportunidade", afirmou o judoca do Pinheiros.
Além de testar novos atletas, a seleção brasileira perdeu judocas por contusões.
Na última sexta-feira, o bicampeão mundial do meio-leve, João Derly, foi cortado do time por causa de uma tendinite no ombro esquerdo.
Antes, o leve Leandro Guilheiro (medalhista de bronze em Atenas-2004) já tivera sua presença na viagem a Pequim desaconselhada pelo departamento médico. Ele faz tratamento de lesão nas costas, sofrida na semifinal do Pan e que o prejudicou também no Mundial, e só deve retornar aos tatames em 2008.
Flávio Canto volta ao time - O carioca Flávio Canto, 32, que sofreu luxação no braço direito durante o Pan e ficou fora do Mundial, está na equipe que lutará na China. Convocado para os 81 kg, ele deve ser testado também nos 90 kg, segundo revelou Ney Wilson. Sua escalação na categoria acima da que compete normalmente foi sugerida por Tiago Camilo, campeão dos 81 kg e eleito melhor judoca do Mundial. No Pan, foi Camilo quem lutou nos 90 kg (e sagrou-se campeão), após acerto que evitou o confronto entre eles pela condição de titular no meio-médio. Nova subida de categoria de Camilo está descartada pela CBJ.
Lance da contusão de Flávio Canto (de branco) no Pan do Rio

Luís Ferrari Folha de São Paulo

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