14 de janeiro de 2008

ENTREVISTA - Novo presidente da FGJ fala dos projetos dos próximos quatro anos

O futuro do judô gaúcho, nos próximos quatro anos, passa pelas mãos do faixa preta 4º dan, Carlos Eurico Pereira. Após a desistência da chapa da situação, encabeçada pelo professor Matias, na última quinta-feira, 10/01, Carlos Eurico ou Cacá, como é chamado pelos amigos, tornou-se o novo presidente da Federação Gaúcha de Judô, ocupando o posto que estava nas mãos de Matias por 24 anos. O médico pneumologista Cacá, ainda, é atleta da categoria máster, responsável técnico do judô da Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC, além de ser tesoureiro da 2ª Delegacia Regional de Judô da FGJ. Confira, com exclusividade, a primeira entrevista do novo presidente. Por e-mail, Carlos Eurico da Luz Pereira. 


O que levou o senhor a concorrer a presidência da FGJ? 

O que nos motivou a montar uma chapa de última hora, foi a falta de oposição contra a antiga administração, sem o que corríamos o risco de ficarmos mais 4 anos (o que completaria 28 anos) da mesma administração, que nos últimos anos, devido a uma série de problemas econômicos e administrativos, levou a uma queda significativa do número de filiados, e consequentemente do nível técnico do judo do estado. Soma-se a isso a administração totalitária até então vigente, sem transparência econômica, e constantes comunicados imputando aos professores e atletas a culpa pelos problemas enfrentados pela federação, o que levou a uma estafa geral das pessoas em relação a instituição além da desmoralização da figura do antigo presidente. Acreditamos no sonho de ter a chance de mudar o rumo do judô gaúcho, e agora temos 4 anos para mostrar que esse sonho é possível. 

Foi uma surpresa a retirada da chapa 1 um dias antes do pleito? 

Não foi surpresa, porque foi o resultado de um trabalho político e jurídico muito bem feito pela nossa chapa, nossos apoiadores, e a equipe de advocacia que estava trabalhando para nós, e já vinha se desenhando a algum tempo. Quais as inovações para sua administração neste mandato?

Primeiramente queremos instituir um planejamento estratégico de gestão, que nos possibilite gerenciar a federação tecnica e administrativamente, com o fim específico de que a federação trabalhe para os atletas e clubes, e não o contrário, tendo como principal meta um crescimento em número de praticantes e um salto de qualidade técnica do judo em nosso estado. Já temos um organograma elaborado que visa descentralizar o poder, e dividir tarefas entre aqueles que acreditarem no nosso sonho, através da criação de diretorias como a de projetos sociais, ético-disciplinar, jurídica, técnico-desportiva do interior e administrativo-financeira; de coordenadorias como a de eventos, geral de equipes, de educação, de judô feminino, de judô master, de equipes de base, de equipes de alto rendimento, de judo comunitário, de judo escolar; além das assessorias de imprensa e marketing, de avaliação e preparação física e conselho consultivo. Ao todo serão mais de 30 pessoas envolvidas diretamente na administração da FGJ. 


Além disso, vamos criar nova identidade visual para a FGJ, uniformes para as equipes (onde vamos buscar alguma empresa interessada em fazer parceria e vender sua marca em nossos eventos), repaginar a sede da federação, contratar funcionários, realizar eventos competitivos diferenciados, criar um novo site mais interativo e funcional, enfim é como se estivessemos fundando a FGJ, tamanho o atraso organizacional em que a mesma se encontra. 

Quais são os objetivos futuros para a Federação?

Inicialmente é buscar resgatar a idoneidade e confiança na FGJ como órgão máximo do judo no estado, manter relações interestaduais e com a CBJ que nos possibilitem sediar eventos de maior envergadura, para que possamos voltar a ocupar o lugar que merecemos no cenário nacional. Também queremos impulsionar o judo comunitário, através da criação de um instituto, e buscar a aproximação e valorização do judo escolar. Nosso primeiro compromisso será melhorar a estrutura das competições, através da aquisição de tatames importados e placares eletrônicos, semelhante aos que a maioria das federações possuem, e futuramente implantar um sistema informatizado de competições. Os pais dos atletas que fazem parte da Seleção Gaúcha continuarão arcando com as despesas fora do Estado ou existirá uma captação de recursos, através da Entidade, para suprir estas despesas?

Nosso sonho é que todo atleta que represente o RS tenha suas despesas parcial ou totalmente pagas pela FGJ, porém a situação economica que nos foi entregue não nos possibilita implementá-lo. Conforme conseguirmos sanear as finanças da FGJ e reconquistar parceiros e apoios, queremos aos poucos implementar esta justa e importante medida. Os clubes do interior do Estado terão uma maior valorização?

Sim, queremos reativar a 1ª delegacia que no momento está desativada, e criar novas delegacias, assim que houver uma reaproximação que entendemos deva ser natural das entidades do interior do estado. Ainda tencionamos implementar inscrições em eventos e cursos proporcionais a distância percorrida, interiorização de exames de faixa e cursos, capacitação de professores, entre outros. As atuais taxas exercidas pela FGJ são um tanto abusivas, existe algum projeto no sentido de torná-las mais acessíveis?

Na verdade, se formos comparar as taxas cobradas pela FGJ estão de acordo com as cobradas no resto do país, um breve estudo comparativo das tabelas de custos de vários estados, mostra que a do RS é similar a de estados economicamente menos favorecidos, como Amazonas e Amapá, e muito abaixo das taxas cobradas em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. O problema maior, ao meu ver, era a fato das pessoas não visualizarem o uso destes recursos em prol do desenvolvimento do judo gaúcho. 

Estamos elaborando uma tabela de custos abaixo dos valores praticados no ano passado, e inclusive em muitos aspectos mais baratos que a própria campanha de antecipação dos valores de 2008, realizada pela administração anterior em dezembro do ano passado, diga-se de passagem, valores que não nos foram repassados. Provavelmente vamos ter uma das tabelas de custo mais baratas de todo o país. Mas é preciso que as pessoas tenham o entendimento que os recursos captados pela FGJ serão na nossa gestão totalmente empregados no desenvolvimento do judo, com prestação de contas transparentes, e disponíveis para verificação a qualquer momento, a qualquer entidade ou atleta filiado, e que para que possamos colocar nossas idéias em prática, precisamos captar recursos, por isso contamos com o apoio dos clubes e professores, para que seus atletas sejam registrados na FGJ, tendo assim suas graduações certificadas, e para que possam usufruir da nova FGJ e nos ajudar na realização do nosso sonho. O Rio Grande do Sul, leia-se SOGIPA, possui atletas de nível internacional, existe algum projeto para formarem mais atletas de ponta?

Queremos que o RS tenha atletas de ponta em todos os rincões do estado, hoje temos uma disparidade impar, temos 2 campeões mundiais em solo gaúcho, devido única e exclusivamente ao investimento e apoio do seu clube, enquanto o resto do estado amarga um atraso técnico e organizacional lamentável, com raras exceções, comparado ao crescimento técnico de estados do norte e nordeste, que antes nem figuravam no cenário nacional. Isto tudo se deve a falta de um planejamento a longo prazo, falta de investimento nas categorias de base e em cursos técnicos e capacitações de atletas e professores, além de ausência total de intercâmbio com outros estados ou países, e do excessivo número de competições de cunho iminentemente arrecadatório que vinham sendo realizadas nos últimos anos. 

Para encerrar, uma frase que resuma os próximos quatro anos da FGJ. 

Ao invés de uma frase, vou citar três palavras e colocar um dos slogans da nova administração.

TRABALHO, UNIÃO E CRESCIMENTO. “Federação Gaúcha de Judô – formando campeões no tatame e na vida. Único estado tricampeão mundial.”

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