29 de janeiro de 2008

Tiago Camilo ou Flávio Canto: só um vai a Pequim

Judocas disputam mesma vaga na categoria meio-médio

Dois dos principais judocas brasileiros estão em disputa pela mesma vaga na Olimpíada de Pequim, na categoria meio-médio (até 81kg). Enquanto Tiago Camilo, paulista que treina na Sogipa, de Porto Alegre, vem acumulando vitórias consecutivas — foi ouro no Pan e campeão no Mundial, ambos no Rio —, o carioca Flávio Canto teve um ano conturbado por conta de lesão no cotovelo.


A briga é antiga. Em 2004, na véspera da Olimpíada de Atenas, Tiago — que em Sydney/2000 foi prata na categoria leve — estava vencendo o confronto pela seletiva nacional, mas, nos segundos finais, acabou punido por falta de combatividade. Na ocasião, ele chegou a pedir na Justiça o direito à vaga. Porém, a decisão foi mantida, e, na Grécia, Canto conquistou o bronze.


Para Pequim/2008, ficou combinado que já estaria classificado quem fosse campeão no Pan e chegasse à final no Mundial. Requisitos preenchidos pelo gaúcho João Derly (-66 kg) e por Tiago Camilo. Mas o judoca paulista conquistou o Pan numa categoria diferente (-90 kg), em um acerto com a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) — o titular, Carlos Honorato, foi cortado por má fase.


A escolha da CBJ será em março, após avaliação dos judocas na Supercopa do Mundo, de 23 a 28 de fevereiro, em Hamburgo, e na Copa do Mundo, de 1º a 3 de março, em Praga. Não haverá confronto direto entre Tiago, 24 anos, e Flávio, 32.


— O cara que é campeão do mundo, independentemente do que aconteça, deve ser garantido na Olimpíada. O grande prejuízo é que eu poderia estar treinando focado nos Jogos — desabafa Tiago, 33 vitórias (29 por ippon) em 36 lutas internacionais no ano passado.


Confiante na convocação, Tiago prefere não polemizar com Flávio:


— Este momento não é de se preocupar com coisas pequenas, e sim de treinar e evoluir.


Entretanto, seu técnico, Antônio Carlos Pereira, o Kiko, mostra-se revoltado:


— Minha paciência está se esgotando. Ele foi o melhor do mundo no ano passado. Será que Jadel Gregório (salto triplo) e Fabiana Murer (salto com vara), atletas com resultados inferiores, estão preocupados com seletiva? Claro que não! Já estão pensando em cubanos, americanos, franceses.


Do outro lado, Flávio Canto sabe que terá que melhorar muito.


— Espero que na Europa eu não esteja do mesmo jeito em que estava nas seletivas nacionais (disputada em novembro apenas pelos atletas que não participaram do Mundial no Rio). Tive pouco tempo hábil por causa da lesão e estava muito mal preparado - admite o carioca, que custou a vencer o jovem Felipe Braga para manter a esperança de ir a Pequim.


De acordo com o coordenador técnico da seleção olímpica, Ney Wilson Silva, a disputa deve ser encarada de forma positiva.


— Esse problema de indecisão é ótimo. Eu queria tê-lo em todas as categorias. Mas a tendência natural é de que a vaga seja do Tiago. É remota a possibilidade do Flávio, mas não se pode descartá-la. Se o desempenho dos dois na Europa for semelhante, a vaga será do Tiago, porque levaremos em conta o histórico — garante Ney Wilson.

Janaina Kalsing - janaina.kalsing@zerohora.com.br

Pódio olímpico
O judô é o terceiro esporte que mais trouxe medalhas olímpicas para o Brasil. São 12 - a vela é a campeã, com 14, e em segundo lugar está o atletismo, com 13.
2 ouros
3 pratas
7 bronzes
- A primeira medalha foi conquistada em Munique/1972, por Chiaki Ishii, bronze na categoria meio-pesado masculino.
- Aurélio Miguel é o único judoca com duas medalhas, ambas na categoria meio-pesado: ouro em Seul/1998 e bronze em Atlanta/1996.
- A olimpíada em que o Brasil subiu mais vezes ao pódio foi a de Los Angeles/1984: prata para Douglas Vieira (meio-pesado masculino) e bronze para Luís Onmura (leve masculino) e Walter Carmona (médio masculino).
- O judô feminino nunca conquistou medalha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário